Você já ouviu falar do Cortisol?

O cortisol é um hormônio paradoxal. Necessário para manter a saúde plena, em excesso ou na falta pode ser mortal.[i] O cortisol está envolvido em várias funções corporais, incluindo a regulação da pressão arterial, cardiovascular e função imunológica e o metabolismo das gorduras, proteínas e carboidratos. Em situações estressantes, o corpo secreta cortisol em maior quantidade do que o normal para ajudar na produção de energia, o que é especialmente importante para a função cerebral.

Hipócrates, o médico Grego que viveu entre 460-375 a.C, dizia que não bastava orar pela saúde, mas que precisávamos usar o raciocínio e a observação, e pesquisar a origem da doença, pois segundo ele toda enfermidade tem uma causa natural e portanto esta pode ser eliminada. Dizia ainda que as condições climáticas ou determinados estilos de vida podem ”moldar” o caráter e a personalidade dos indivíduos e que as ”pressões sociais” podem causar doenças. E é exatamente isso que se vê no mundo moderno – doenças geradas por todo tipo de pressão, sendo desencadeado o chamado estresse. A reação do estresse foi descrita anteriormente, na primeira etapa Selye.

Hans Selye é o renomado endocrinologista que na década de 1930,  descobriu que o estresse psicológico e biológico pode adversamente afetar a saúde humana através de interações entre a mente e as glândulas supra-renais. Seu trabalho sobre a ligação entre o estresse e o eixo HPA (aquela comunicação entre Hipotálamo – Hipófise ou Pituitária, por isso o P – Adrenal), em 1946 tornou-se um clássico sobre a relação entre o estresse crônico e a doença. Ele fundamentou que os organismos vivos, incluindo humanos, reagem de maneiras fisiologicamente previsíveis e classificou essas respostas fisiológicas e comportamentais ao estresse de “síndrome geral de adaptação”, ou GAS. [ii]

 

Selye também criou o modelo de três etapas a seguir para descrever o processo:

Etapa 1: Reação de Alarme. Diante de um estressor imediato (físico ou psicológico), há a ativação da resposta de “Fuga ou Luta” e há uma liberação maior cortisol.

Etapa 2: Fase de Resistência. Na fase de resistência o organismo busca a homeostase, é comum haver uma sensação de desgaste, dificuldades com a memória, entre outras consequências.[iii]

Etapa 3: Fase de Exaustão. Se o estresse percebido é prolongado, as glândulas suprarrenais e outros órgãos começam a “exaurir-se” e experimentar um rápido declínio na função (baixando para níveis anormais o cortisol). As defesas do organismo começam a ceder e não consegue resistir às tensões e restabelecer a homeostase.[iv]

Tomando como base os trabalhos originais de Selye, os cientistas demonstraram que tanto níveis agudos como crônicos de estresse contribuem para níveis elevados de cortisol. Além disso, sabe-se que níveis elevados de estresse estão significativamente associados a várias doenças, incluindo infecções respiratórias, exacerbação de distúrbios como a esclerose múltipla, e doenças do aparelho gastrointestinal, tais como irritável síndrome do intestino.

Outro ponto importante a ser considerado relacionado ao estresse é que desde meados dos anos 1990, os cientistas têm apresentado evidências ligando surgimento do câncer, a níveis elevados de cortisol. Em um estudo em 1996, os cientistas examinaram os níveis do hormônio do estresse em mulheres com câncer de mama, tanto em estágio inicial e metastático do câncer. Ambos os grupos apresentaram níveis estatisticamente mais altos de cortisol em comparação com mulheres sem câncer. Além disso, aquelas com câncer de mama metastático tinham níveis mais altos de cortisol do que as mulheres com câncer em estágio inicial.

“Esses dados fornecem evidências de que o câncer de mama está associado com uma glândula adrenal hiperactiva.[v] Um relatório mais recente na revista Lancet Oncology resumiu o que se sabe atualmente sobre as complexas interações entre a comunicação hipotálamo-hipófise (responsável pela liberação de cortisol), estresse e câncer. De acordo com os autores, “Evidências sugerem que o stress e a depressão resultam numa diminuição do sistema imune e pode promover a iniciação e progressão de alguns tipos de câncer. Os mediadores liberados durante o estresse crônico suprimem algumas partes da resposta imune, comprometendo a eficácia da resposta imune contra tumores”. [vi]

Embora o câncer seja provavelmente a doença crônica mais amplamente temida, a doença cardíaca continua a ser o assassino número um no mundo. Pesquisadores da Clínica Mayo perceberam que pacientes com os mais altos níveis de estresse tinham taxas maiores de reinternação e concluíram que angústia psicológica podem afetar negativamente o prognóstico em pacientes com doença cardíaca.[vii]

Opções para o tratamento do estresse

Enquanto a medicina tradicional oferece pouco no sentido de reduzir o estresse crônico ou altos níveis de cortisol, pode-se reduzir a carga de estresse e os níveis elevados de cortisol fazendo mudanças comportamentais e usando suplementos corretos. Os seres humanos são projetados para serem fisicamente ativos. Se você quiser diminuir o estresse e diminuir o cortisol, tirar um tempo cada dia para relaxar e meditar pode ser a solução. Consideráveis evidências científicas tem estabelecido que as técnicas de relaxamento e meditação são terapêuticas valiosas para melhor saúde. Um artigo na revista Medicina Psicossomática descreveu como as mulheres com estágio I ou II de câncer de mama puderam diminuir seus níveis percebidos de estresse, bem como os seus níveis de cortisol, simplesmente usando técnicas cognitivo-comportamentais de manejo de estresse.[viii]

Além do exercício e meditação, estudos sugerem que os suplementos naturais eficazes, como a vitamina C, óleo de peixe, fosfatidilserina, e fitoterápicos (Rhodiola rósea, Ginseng), podem reduzir os níveis de cortisol, e ajudar a otimizar a saúde.

Os artigos aqui postados não necessariamente expressam a visão da Empresa 

Referências:
[i] Bauer ME. Stress, glucocorticoids and ageing of the immune system. Stress. 2005 Mar;8(1):69-83.

[ii] Selye H. The general adaptation syndrome and the diseases of adaptation. J Clin Endoc. 1946;6:117-20.

[iii] . Lac G, Chamoux A. Elevated salivary cortisol levels as a result of sleep deprivation in a shift worker. Occup Med (Lond). 2003 Mar;53(2):143-5.

[iv] Schedlowski M, Wiechert D, Wagner TO, Tewes U. Acute psychological stress increases plasma levels of cortisol, prolactin and TSH. Life Sci. 1992;50(17):1201-5.

[v] van der PG, Antoni MH, Heijnen CJ. Elevated basal cortisol levels and attenuated ACTH and cortisol responses to a behavioral challenge in women with metastatic breast cancer. Psychoneuroendocrinology. 1996 May;21(4):361-74.

[vi] Reiche EM, Nunes SO, Morimoto HK. Stress, depression, the immune system, and cancer. Lancet Oncol. 2004 Oct;5

(10):617-25.

[vii] Allison TG, Williams DE, Miller TD, et al. Medical and economic costs of psychologic distress in patients with coronary artery disease. Mayo Clin Proc. 1995 Aug;70(8):734-42.

[viii] Cruess DG, Antoni MH, McGregor BA, et al. Cognitive-behavioral stress management reduces serum cortisol by enhancing benefit finding among women being treated for early stage breast cancer. Psychosom Med. 2000 May;62(3):304-8.

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